23 fev 2023

Arte

A evolução do Carnaval, de festa da Antiguidade aos dias de hoje

Conheça a trajetória que esse evento passou até encontrar no Brasil seu principal local de manifestação

O Carnaval que conhecemos e comemoramos nos dias de hoje passou por uma série de influências de povos e regiões antigas pelo mundo até chegar no formato atual. Das principais festas pagãs que influenciaram esse evento, destacam-se a Saturnália e a Lupercália.

Durante o período da Saturnália, na Roma Antiga, a festa era marcada pela inversão de papéis da pirâmide social, com senhores vestidos de escravos e homens com roupas femininas da época. Em homenagem ao deus Saturno, o evento era realizado no final do ano, em 17 de dezembro. A festa era marcada pela comida, danças e álcool. 

Festas da Saturnália. Fonte: Getty ImagesFestas da Saturnália. Fonte: Getty Images

Já a Lupercália era destacada por ser a festa da fertilidade, comemorada no mês de fevereiro. Durante o evento, as pessoas saíam às ruas vestidas com peles de animais. Ambas se assemelham ao feriado de Carnaval de hoje por haver inversão de papéis e a “pausa” nas normas de comportamento.

O evento entrou no calendário cristão após o império romano desistir de tentar pôr um fim nas festas pagãs, devido a diversas tentativas frustradas. Com isso, o Carnaval passou a ter características religiosas como, por exemplo, anteceder a Quaresma, período de jejum de 40 dias que antecede a Páscoa, começando na Quarta-Feira de Cinzas. Com isso, o Carnaval passou a ser a última oportunidade de festejar e aproveitar os prazeres “mundanos” antes da abstinência. As máscaras e confetes foram popularizadas no sul da Europa, como em Veneza e em Paris.

No Brasil

Com a colonização portuguesa, o entrudo foi a primeira manifestação carnavalesca nas terras tupiniquins, entre os séculos XVI e XVII. Essa festa era marcada por limões e farinhas arremessados de casas em cima de quem quer que transitasse pelas ruas. Combatido pela elite, o evento teve fim no começo do século XX. 

Com isso, enquanto a elite comemorava com bailes de Carnaval inspirados da Europa em teatros, o povo deu vida aos cordões e ranchos sendo os primeiros inspirados nas procissões religiosas e os segundos mais presentes nas zonas rurais.

Chiquinha Gonzaga, compositora pioneira das marchinhas carnavalescasChiquinha Gonzaga, compositora pioneira das marchinhas carnavalescas

Famosas por serem entoadas nas ruas, as marchinhas de Carnaval nasceram no século XIX, com a primeira sendo “Ô, Abre Alas”, de Chiquinha Gonzaga, composta para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, no Rio de Janeiro. O samba só foi popularizado no Carnaval no início do século XX, com a música “Pelo Telefone” (1916), de Donga e Mauro de Almeida.

Com essa influência musical, a primeira escola de samba foi criada em 1928, no Rio, chamada primeiramente Deixa Falar e hoje conhecida como Estácio de Sá. Já a primeira competição de escolas é datada de 1932, também no Rio. 

Alegoria da Estácio de Sá em 2019. Foto: Reprodução/TV GloboAlegoria da Estácio de Sá em 2019. Foto: Reprodução/TV Globo

Outra manifestação muito popular do Carnaval são os trios elétricos, popularizados apenas em 1950, em Salvador. Em 1979, por ideia do cantor e compositor Moraes Moreira, os trios passam a adicionar batuques em suas músicas.

Em 1984, foi inaugurado no Rio de Janeiro o Sambódromo, na Marquês de Sapucaí. A passarela do samba projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer é desde então o local oficial dos desfiles das escolas cariocas. Já o Livro Guinness dos Recordes considera o Carnaval carioca como o maior do mundo.

Multidão no centro do Rio de Janeiro — Foto: Fernando Maia/Riotur/DivulgaçãoMultidão no centro do Rio de Janeiro — Foto: Fernando Maia/Riotur/Divulgação

Desde os anos 1990 para cá, os bloquinhos de rua voltaram a tomar força popular nessa data festiva, tornando-se uma das manifestações carnavalescas mais frequentadas pelo público. A céu aberto, gratuitos e com boas variações de gostos musicais, os blocos dominaram o Brasil como a primeira escolha de evento dos foliões, vencendo a concorrência contra desfiles oficiais, por exemplo. Com maiores presenças no Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Recife, cada vez é mais comum grandes centros e cidades litorâneas terem esse movimento no Carnaval. 

Veja também