10 dez 2020

Literatura

Centenário de Clarice Lispector motiva homenagens à escritora

Clarice Lispector passeou por estilos diversos, sempre com um olhar único sobre o espírito e as relações humanas

Há exatos 100 anos, na distante Ucrânia, nascia Chaya Pinkhasovna Lispector – nos anos seguintes, ela viria para o Brasil, escreveria algumas das mais belas obras da literatura nacional e ficaria marcada na história do país como Clarice Lispector (1920-1977). Com uma obra vasta, profunda e diversa, Clarice investigou a alma humana como poucos e transitou por estilos e escolas com autenticidade e uma popularidade por vezes paradoxal à sua timidez.

Autora de uma obra que tem traduções para 32 idiomas circulando em 40 países, Clarice Lispector escreveu romances, contos, crônicas, literatura infantil, cartas e novelas, com obras clássicas, como A Paixão Segundo G.H., Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, A Maçã no Escuro, Laços de Família e A Hora da Estrela. Nesta quinta-feira, quando completaria 100 anos, é motivo de uma série de homenagens e celebrações – a maior parte em eventos online – para celebrar o seu centenário. Confira algumas delas:

Novos lançamentos

O ano de 2020 marcou uma série de relançamentos de obras de Clarice Lispector: a editora Rocco, detentora dos direitos de publicação da autora no Brasil, vem lançando desde dezembro de 2019 os volumes de uma reedição dos 18 livros lançados por Clarice. O último lançamento da série foi recente, já em dezembro de 2020: A Hora da Estrela, último livro escrito pela autora, em 1977. Esta reedição apresenta ainda uma faceta pouco explorada de Clarice Lispector: as capas são reproduções de ilustrações feitas pela autora em meados dos anos 1970 – são pelo menos 22 telas produzidas pela escritora nesta época.

Em setembro, também foi lançado o livro Todas as Cartas, que reúne 284 cartasda autora com amigos, editores, autores e familiares. Há, na edição, textos até então inéditos, como textos enviados a Rubem Braga e Mário de Andrade. As correspondências são entremeadas pelo texto de Teresa Montero, biógrafa de Clarice e autora de Eu sou uma pergunta: Uma biografia sobre Clarice Lispector – a obra foi lançada em 1999 e seria reeditada em 2020 pela editora Rocco, mas precisou ser adiada para 2021 por conta da pandemia.

A editora lançou 18 obras da autora em formato de audiolivros em parceria com a Tocalivros.

Site especial com acervo

Detentor de um acervo de Clarice Lispector que contém itens como manuscritos, fotos e alguns cadernos escritos em máquina, o Instituto Moreira Salles criou um site especial que torna esses documentos públicos e acessíveis de maneira intuitiva. Com curadoria do poeta Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do instituto, a página permite ao leitor comum navegar pelas frases, fotografias e ouvir a voz da escritora, mas traz também informações importantes do fazer literário para pesquisadores mais aprofundados.

Festa online

A data, como não poderia deixar de ser, será muito comemorada em eventos online. Os perfis da editora Rocco nas redes sociais tem uma programação que dura o dia inteiro, com lives, leituras e um sarau em homenagem a autora. No YouTube do Sesc será exibida uma leitura do conto Felicidade Clandestina, gravada por funcionários da área de literatura de todo o país.

Às 20h, o CCBB apresenta a peça literária Na sala com Clarice, um solo do ator Odilon Esteves com transmissão ao vivo pelo Zoom. Ao longo da apresentação, os espectadores escolhem, por enquete eletrônica, os textos que gostariam de assistir interpretados a partir das opções preparadas pelo ator. A inscrição pode ser feita aqui.

Clarice no cinema

Selecionado 44 ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, realizada entre 22 de outubro e 4 de novembro, o primeiro longa de ficção da diretora Marcela Lordy, O Livro dos Prazeres é uma livre adaptação de Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres.

O diretor Luiz Fernando Carvalho, de Lavoura Arcaica, pretende adaptar outro clássico da literatura nacional para o cinema: ele está trabalhando em uma adaptação de A Paixão Segundo G.H., com Maria Fernanda Cândido no papel principal. O filme deve ser lançado em 2021.

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