02 set 2021

Cinema

Dia da Amazônia: 12 filmes para entender as riquezas e ameaças da região

 

Em 5 de setembro, comemora-se o Dia da Amazônia. A data foi criada para conscientizar a sociedade sobre a importância desse bioma, além de alertar sobre sua destruição e os diversos ataques que ele vem sofrendo.

A data coincide com a atual mobilização de indígenas e grupos representantes da sociedade civil em Brasília em função da discussão na justiça se as demarcações de terras indígenas brasileiras devem seguir ou não a tese do “marco temporal”. Defendida por ruralistas, essa interpretação considera que os indígenas só teriam direito à terra se estivessem sob sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ignorando as históricas violações que esses povos sofreram ao longo dos anos.

Já na próxima quinta-feira (9/9), entra em cartaz nos cinemas nacionais A Última Floresta, filme que ganhou em junho o prêmio do público na mostra Panorama no 71º Festival de Berlim. O longa acaba de receber mais dois prêmios: Melhor Documentário no Festival Zeichen der Natcht, também na capital alemã, e o Prêmio Artístico de Melhor Obra no Festival dos Povos Originários, em Montreal, no Canadá.

Para lembrar a data e chamar atenção para a preservação da Floresta Amazônica e de suas populações, selecionamos 12 filmes sobre o tema para você entender melhor a história, a cultura e a natureza de uma das regiões mais ricas – e ameaçadas – do planeta.

 

 

  • A Última Floresta (2021), de Luiz Bolognesi

O filme retrata o cotidiano de um grupo ianomami isolado, que vive em um território ao norte do Brasil e ao sul da Venezuela há mais de mil anos. O xamã Davi Kopenawa Yanomami busca proteger as tradições de sua comunidade e contá-las para o homem branco que, segundo ele, nunca os viu, nem os ouviu. Enquanto Kopenawa tenta manter vivos os espíritos da floresta, ele e os demais indígenas lutam para que a lei seja cumprida e os invasores do garimpo retirados do território legalmente demarcado. Mais de 10 mil garimpeiros ilegais, que invadiram o local em 2020, derrubam a floresta, envenenam os rios e espalham Covid-19 e outras doenças entre os indígenas.

 

 

  • Iracema – Uma Transa Amazônica (1974), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna

Em 1970, durante as festas do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, um motorista de caminhão conhece Iracema (Edna de Cássia), uma jovem índia prostituída. Tião Brasil Grande (Paulo Cesar Pereio) dá uma carona para a garota, que deseja tentar a sorte no Sudeste, deixando-a em um lugarejo no meio da estrada. A viagem, como todo o filme, serve como pretexto para que sejam mostrados problemas da região – desmatamento, más condições de trabalho e saúde, venda de camponeses em confronto com a fantasiosa propaganda institucional.

 

 

  • Era uma Vez Iracema (2005), de Jorge Bodanzky

Documentário feito para integrar o DVD do longa Iracema – Uma Transa Amazônica, um clássico do cinema brasileiro. O documentário discute a linguagem do filme 30 anos depois de sua realização, reunindo entrevistas com os autores, atores, críticos e com os próprios cineastas.

 

 

  • Amazônia (2013), de Thierry Ragobert

Depois de um acidente de avião, Kong, um macaco prego criado em cativeiro, se vê perdido na selva amazônica. O pequeno macaco se depara com a inesperada liberdade, mas precisa encontrar seu caminho e se proteger das emboscadas que a natureza prepara. A jornada de Kong será acompanhada pelo espectador que irá conhecer o ciclo de vida da Floresta Amazônica.

 

 

  • Tainá: Uma Aventura na Amazônia (2001), de Sérgio Bloch e Tania Lamarca

Tainá (Eunice Baía), uma indiazinha de oito anos, vive na Amazônia com seu velho e sábio avô Tigê (Ruy Polanah), que lhe ensina as lendas e histórias de seu povo. Ao longo de aventuras cheias de peripécias, ela conhece o macaco Catu ao salvá-lo das garras de Shoba (Alexandre Zacchia), um traficante de animais. Perseguida pela quadrilha, ela foge e acaba conhecendo a bióloga Isabel (Branca de Camargo) e seu filho Joninho (Caio Romei), um menino de 10 anos que mora a contragosto na selva.

 

 

  • Sob a Pata do Boi (2018), de Márcio Isensee e Sá

A Amazônia tem hoje 85 milhões de cabeças de gado, três para cada habitante da região. Na década de 1970, quase não havia bois e a floresta estava intacta. Desde então, uma porção equivalente ao tamanho da França desapareceu, da qual 66% virou pastagem. A mudança foi incentivada pelo governo, que motivou a chegada de milhares de fazendeiros de outras partes do país. A pecuária tornou-se bandeira econômica e cultural da Amazônia, forjando poderosos políticos a defendê-la. Em 2009, o jogo começou a virar quando o Ministério Público obrigou os grandes frigoríficos a monitorarem o desmatamento nas fazendas de onde compram gado.

 

 

  • Fitzcarraldo (1982), de Werner Herzog

Início do século 20. Brian Sweeney Fitzgerald, mais conhecido como Fitzcarraldo (Klaus Kinski), é um homem extremamente determinado que possui a louca ideia de construir uma casa de ópera no meio da Floresta Amazônica. Para conseguir o dinheiro necessário, ele decide explorar borracha. O problema é que, para transportar o produto, ele terá que atravessar morros e matas com um barco.

 

 

  • Corumbiara (2009), de Vincent Carelli

Em 1985, o indigenista Marcelo Santos denuncia um massacre de índios na Gleba Corumbiara (RO), e o documentarista Vincent Carelli filma o que resta das evidências. Bárbaro demais, o caso passa por fantasia e cai no esquecimento. Marcelo e sua equipe levam anos para encontrar os sobreviventes. Duas décadas depois, Corumbiara revela essa busca e a versão dos índios.

 

 

  • No Rio das Amazonas (1995), de Ricardo Dias

Uma viagem na Amazônia, de Belém a Manaus. O filme tem a participação do naturalista Paulo Vanzolini e trata particularmente da ecologia da região, com ênfase no modo de vida das populações ribeirinhas do baixo Amazonas.

 

 

  • O Cineasta da Selva (1997), de Aurélio Michiles

A vida de Silvino Santos (1886 – 1970), português que se apaixonou pelo Rio Amazonas. Aos 13 anos, Silvino (José de Abreu) cruza o Atlântico na passagem do século em busca daquela Amazônia fantástica imaginada pelos europeus. Em 1913, realiza seu primeiro documentário de longa-metragem. Ele viveria sua aventura contracenando com grandes personalidades, testemunhando acontecimentos marcantes, do fausto à queda do monopólio da borracha. Filmando essa Amazônia do início do século, ele se torna um mito da selva e um dos pioneiros do cinema no Brasil.

 

 

  • Amazônia Eterna (2012), de Belisario Franca

Esse documentário apresenta uma nova abordagem sobre o uso sustentável da Floresta Amazônica. Empresários, ambientalistas e moradores falam da sua relação com um dos maiores patrimônios naturais do planeta e discutem soluções para os dilemas da região. O filme apresenta nove experiências bem-sucedidas que comprovam é possível que a Amazônia se desenvolva economicamente sem que seu ecossistema seja afetado.

 

 

  • Soldados da Borracha (2019), de Wolney Oliveira

A saga de cerca de 60 mil brasileiros, enviados para a região amazônica pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial, em mirabolante plano para extrair látex, material estratégico imprescindível para a vitória dos Aliados. As promessas da volta a casa como heróis da pátria e de aposentadoria equivalente à dos militares, nunca se cumpriram. Hoje, centenas deles, já com idade avançada e em situação de pobreza, esperam o dia do reconhecimento oficial.

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