Que arte é essa? – Um mural que celebra a vida na capital gaúcha

Quem já se deslocou do Centro Histórico de Porto Alegre em direção à zona sul pelo Viaduto dos Açorianos deve ter se impressionado com a grandiosidade do mural do edifício sede da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER). Mas qual é a história daquele enorme trabalho artístico e o que ele significa?

O projeto, idealizado pelo Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus) ainda em 2013, surgiu durante a segunda edição do Fórum Mundial da Bicicleta, conta Marcelo Sgarbossa, diretor da entidade. Uma das artistas responsáveis pela obra, Mona Caron, teria ficado encantada com o prédio durante o evento e manifestou a potencialidade de tornar-se um mural a céu aberto, devido à localização estratégica e à ausência de obstáculos visuais. 

Então, com o auxílio da entidade responsável, o duo artístico, composto por Mauro Neri e Mona Caron, resolveu dar voz a uma representatividade ainda escassa na Capital, com o objetivo de estimular a arte urbana local e promover reflexões por meio do mural. A arte retrata uma mulher negra que estende suas mãos para que uma planta cresça entre seus braços.

A planta é uma espécie nativa, chamada Justicia gendarussa, também conhecida como quebra-demanda, quebra-tudo ou vence-tudo. Muito popular entre religiões de matriz africana, é utilizada em banhos e benzimentos para a limpeza de caminhos e proteção dos ambientes. A planta é ligada a Ogum e Iansã, orixás guerreiros.

O nome da mulher retratada no mural é Beatriz Gonçalves Pereira, também conhecida como Mãe Bia entre seus filhos e filhas de santo. Em conversa com o Sindicato dos Técnicos Administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS (ASSUFRGS), a mãe de santo e educadora ressalta a relevância do mural: “É muito importante para pretos e pretas nesta capital, porque isso quer dizer que a luta dos que me antecederam não foi em vão”.

A artista da obra ainda argumenta que a imagem serve como representação para uma coletividade inteira e dá rosto à mulher negra, ao mesmo tempo em que se conecta com as comunidades quilombolas e periféricas de Porto Alegre, dialogando com a multiplicidade da fé popular. 

 

Fonte: PGE RS e Assurfgs 

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