Que arte é essa? – Especial Dia Internacional da Mulher

Celebrando o Dia Internacional da Mulher, hoje trazemos a obra de uma das artistas mais icônicas do século 20: Frida Kahlo e a pintura “Las Dos Fridas” (“As Duas Fridas”), de 1939. A tela se encontra atualmente no Museu de Arte Moderna da Cidade do México.

A artista apresenta em “As Duas Fridas” dois autorretratos, trazendo à tona sobretudo questões relacionadas com a identidade. A Frida da esquerda veste-se com um estética tipicamente europeia, com seu estilo vitoriano. Já a versão da direita mostra-se com suas vestes latinas, mexicanas. Essa diferença entre os trajes serviu para diferenciar as personalidades da pintora. Conectando-as, está uma artéria que liga os corações de ambas. 

De um lado, temos a influência europeia de Frida, a relação que mantinha com o velho continente por meio de suas vestes. Do outro, observamos a figura usando um vestido tehuana, típico do México rural, colorido e exibindo mais de sua pele à mostra o que faz referência a sua raíz de herança materna, da região de Oaxaca.

Se repararmos no cenário escuro carregado de nuvens no céu, podemos entender que ele mostra a fragmentação sentida pela artista, avisando-nos que possivelmente há uma tempestade por vir – metáfora da “tempestade” interna pela qual passava Frida. 

Focando mais na Frida da direita, notamos que ela segura um pequeno retrato: trata-se do pintor Diego Rivera quando criança, o grande amor – e tormento – da vida da artista mexicana. Propositalmente, ela o segura pela mão esquerda, onde há a veia que se conecta ao coração Frida, por sinal, divorciou-se de Rivera por conta das traições do artista com a irmã dela justamente em 1939, ano em que pintou “As Duas Fridas”.

É possível perceber ainda que a figura da direita está com as pernas abertas, confrontando os papéis de gênero da época e exibindo sua sexualidade libertária uma das principais marcas da obra de Frida Kahlo. 

Os corações expostos surgem no centro da cena, mostrando a importância do sentimento de afeto das personagens, somado às mãos unidas da modelo dupla. Na Frida da esquerda há uma tesoura que corta uma das artérias, mancha o vestido branco de sangue e simboliza o puritanismo europeu em oposição às cores vivas e postura mais descontraída da outra personagem ao lado. 

FRIDA KAHLO Símbolo feminista da luta pela emancipação da mulher em todos os aspectos da vida, Frida Kahlo (1907 – 1954) ficou também célebre pela participação em movimentações políticas, sociais e comunistas – foi inclusive amante do líder revolucionário Trotsky, autointitulando-se “filha da revolução”.

Suas obras sempre retrataram sentimentos e momentos que viveu. Frida tinha como uma de suas marcas artísticas pintar autorretratos, muito por conta do longo tempo que passou dentro de um hospital se recuperando de um acidente que sofreu aos 18 anos. Durante essa internação, seus pais lhe deram materiais de pintura e diversos espelhos para que a jovem artista se visse em diferentes ângulos, ocupando-se assim durante esse período de internação. 

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